A tão esperada quebra do monopólio na B3 é uma realidade, com a concorrência agora atuando em todos os segmentos, promovendo acesso à infraestrutura e modelo vertical.
O questionamento sobre a dinâmica de mercado apresentado pelo biscoito Tostines é intrigante: o mercado é movimentado porque a B3 é única ou a B3 é a única pela demanda do mercado? A discussão sobre a relação entre a bolsa de valores e o tamanho do mercado promove reflexões interessantes sobre o cenário financeiro nacional.
A presença da B3 no mercado de capitais brasileiro influencia diretamente as operações financeiras e investimentos no país. A diversidade de ativos disponíveis na Bolsa de Valores do Brasil proporciona oportunidades únicas de investimento, impactando diretamente a economia e as estratégias dos investidores. É necessário analisar de forma crítica como a B3 se posiciona em relação ao mercado brasileiro, considerando os desafios e oportunidades que essa relação pode apresentar.
B3 em foco: Linha de defesa e modelo vertical
Mas a linha de defesa da primeira parte está concentrada apenas na B3, a Bolsa de Valores do Brasil e provedora de toda a infraestrutura de mercado. Em um modelo vertical, a B3 é a única responsável pela negociação, pós-negociação e registro dos ativos. Mas essa realidade está em rápido processo de transformação, com os competidores surgindo em todos os níveis.
Competição na Bolsa de valores do Brasil
De ATG e SL Tools na negociação passando por Núclea, CSD BR e Cerc na pós-negociação. É importante frisar que não há como resistir. Quando o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a compra da Cetip pela B3, em 2017, uma das condições impostas foi o acesso à infraestrutura para eventuais concorrentes. E a B3 não ficou parada assistindo o avanço da concorrência.
A B3 e sua expansão: processo de transformação
Nos últimos anos, a B3 fez uma joint venture com a Totvs e criou a Dimensa para oferecer infraestrutura, e comprou a Neoway, empresa de análise de dados, um negócio de R$ 1,8 bilhão, em 2021. ‘Muita gente já bateu na porta deles para pedir conexão, acesso. Então, eles sabem há dois anos, pelo menos, que existem concorrentes chegando.’
O papel da boa governança na B3
Eles não têm boa governança, ficam andando com os pedidos para atrasar, mas a transformação vai acontecer’, diz o executivo de uma pleiteante à concorrente.
A verdade irrefutável é que o mercado brasileiro é pequeno se comparado a outros países. Há 30 anos, o Brasil chegou a ter 13 bolsas, mas com a consolidação ficou com apenas uma – a B3, a única entre os países do G20. A Argentina tem duas bolsas; nos Estados Unidos, há 16 bolsas de valores e 33 balcões organizados; e na Índia são 21 bolsas regionais e duas nacionais.
Na comparação entre o mercado à vista no Brasil e nos Estados Unidos, os dados da consultoria Elos Ayta, de Einar Rivero, mostram que existem 3.456 empresas listadas na Nyse e na Nasdaq contra 386 na B3. Se a diferença de listagem de empresas de capital aberto é pouco superior a nove vezes, a distância no volume financeiro médio entre o mercado americano e brasileiro se aproxima de 100 vezes.
Neste ano, até 22 de abril, Nyse e Nasdaq registraram um volume financeiro médio diário de US$ 378,3 bilhões, um aumento de 20,7% sobre todo o ano de 2023. Nessa mesma base de comparação, o volume da B3 foi de US$ 3,9 bilhões, uma queda pouco maior que 5% sobre todo o ano anterior.
Crescimento e competitividade na B3
O aumento da competição não divide o fluxo. Ela aumenta porque torna o mercado mais amplo e democrático, seja por questão de preço ou mesmo pela arbitragem’, diz um ex-CEO que comandou grandes marcas do mercado brasileiro. ‘A questão de dividir o risco é outro fator muito importante.’
Nas últimas semanas, o NeoFeed conversou com vários participantes do mercado para entender o nível de interesse por novos entrantes e, também, os motivos para ter um mercado financeiro horizontal, com mais plataformas de negociação, mais clearings para registro de informações e mais centrais depositárias para guardar e garantir a existência e lastro dos ativos negociados.
Fonte: @ NEO FEED
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